Vigaristas se passam por funcionários de instituições financeiras e até apostam em um ato de desonestidade das vítimas para roubar. Pix é usado por vigaristas em várias modalidades de fraudes, incluindo um “robô” que promete prêmios em dinheiro.

Ao mesmo tempo em que a tecnologia avança para facilitar a vida, criminosos se especializam para aplicar golpes pela internet com essas novas ferramentas. E com o Pix não é diferente. Desde o lançamento do meio de transação financeira, não faltam novos tipos de golpes e roubos que fazem vítimas terem prejuízos que chegam a R$ 100 mil.

Em um caso, a vítima levou um golpe na cabeça e ficou desacordada. Ela ainda foi amarrada, teve o celular roubado e, quando acordou, percebeu que R$ 100 mil tinham saído da sua conta por meio de uma transferência via Pix.

Mas nem sempre é preciso agressão para conseguir roubar o dinheiro da vítima. Especialistas em tecnologia e em crimes eletrônicos explicam que a moda entre os criminosos dessa modalidade é usar a “engenharia social”, criando novas modalidades de fraudes.

Foi criado até um “robô do Pix” que promete prêmios em dinheiro a quem pagar pelo mecanismo.

Advogado especialista em fraudes digitais, Afonso Morais citou, por exemplo, o uso de falsos empregados de instituições financeiras, que usam o nome do banco para enganar as vítimas e o golpe do bug, que usa a possível desonestidade da vítima para roubar dinheiro dela.

Sobre a “engenharia social”, o advogado explicou: é praticar o golpe de maneira natural, sem coagir. O criminoso escolhe alguém, pega sua foto nas redes sociais e descobre números de celulares de contatos da pessoa.

Com um novo número de celular, envia mensagens para contatos, informando que teve de trocar de número devido a algum problema. Assim, aproveita e pede uma transferência via Pix.

Outro tipo de golpe citado por Morais, que é novo e tem começado a aparecer com frequência nas redes sociais, é o “golpe do bug”, que usa até mesmo da ganância da vítima para roubar via Pix.

“Esse golpe aproveita da má-fé da vítima, pois diz em redes sociais que o Pix está com alguma falha em seu funcionamento (chamado “bug”) e é possível ganhar o dobro do valor que foi transferido para chaves aleatórias. Contudo, ao tentar tirar proveito da ação, a vítima enviará dinheiro para golpistas”.

Vítimas podem recuperar dinheiro roubado

Após ser vítima de algum tipo de golpe envolvendo transferência pelo Pix, o colunista de A Tribuna e consultor em Tecnologia da Informação, Eduardo Pinheiro, afirma que é possível recuperar o dinheiro perdido.

Segundo Eduardo, foi lançado já há alguns meses um serviço pelo próprio Banco Central (BC), que permite à vítima resgatar o valor perdido.

Caso caia em golpe, a vítima pode procurar o banco imediatamente e pedir o bloqueio da transferência. Para isso, a vítima deve também tirar um print do comprovante da transferência, fazer um boletim de ocorrência e acionar o Procon. Além disso, é possível pedir o reembolso direto ao banco.

“Com as novas ferramentas, o banco já toma as medidas preventivas, caso suspeite de movimentações criminosas nas contas dos bandidos ou atenda uma solicitação de bloqueio feita por parte da vítima do golpe”, explicou Eduardo.

Celular reserva sem contas para sair à rua vira alternativa

A alta de roubos, que afeta sobretudo áreas centrais e bairros nobres, tem feito alguns moradores manterem um aparelho reserva em casa por segurança. No que levam ao sair, deixam no máximo um aplicativo de banco, e com pouco dinheiro.

O celular virou o principal foco dos roubos e furtos, já que permite multiplicar o prejuízo das vítimas com invasões de contas bancárias.

Como mostrou o Estadão em abril, os altos lucros obtidos com crimes desse tipo atraíram a atenção inclusive do Primeiro Comando da Capital (PCC).

O Banco Central informou que novos mecanismos entraram em vigor para tornar o Pix mais seguro, como o bloqueio cautelar, a notificação de infração e a ampliação da responsabilização das instituições.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou estar atenta aos relatos de crimes envolvendo Pix e reforçou que “cada instituição financeira tem sua própria política de análise e devolução”.

 

 

Fonte: Tribuna Online