Ainda assim, efeito da crise causada pela pandemia no indicador tende a ser menor do que o estimado inicialmente, avalia Otávio Damaso.

O pico de inadimplência da crise atual causada pela pandemia de coronavírus deve ocorrer no primeiro semestre de 2021, mas tende a ser menor do que o esperado inicialmente, disse Otávio Damaso, diretor de regulação do Banco Central, em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

“A fotografia que temos do retorno à normalidade pós-pandemia é de algum aumento na inadimplência, cujo pico deve ocorrer primeiro semestre. Mas se voltasse ao cenário de março e abril [início da pandemia], se imaginava que o pico seria muito maior do que efetivamente vai ser. A gestão feita pelas instituições financeiras foi muito positiva”, avaliou o diretor do BC.

Ele não descarta um aumento de riscos no mercado de crédito após o fim das medidas prudenciais adotadas para o enfrentamento da crise, mas diz que eles já estão mapeados pelo Banco Central. “A maioria das medidas regulatórias, dos programas de suporte ao crédito, estão em estabilidade ou em ‘phase-out’ automático, tudo está ocorrendo com muita tranquilidade. Algum dia tudo vai voltar à normalidade, independentemente de ter segunda onda ou não”.

“A fotografia que temos do retorno à normalidade pós-pandemia é de algum aumento na inadimplência, cujo pico deve ocorrer primeiro semestre. Mas se voltasse ao cenário de março e abril [início da pandemia], se imaginava que o pico seria muito maior do que efetivamente vai ser. A gestão feita pelas instituições financeiras foi muito positiva”, avaliou o diretor do BC.

Ele não descarta um aumento de riscos no mercado de crédito após o fim das medidas prudenciais adotadas para o enfrentamento da crise, mas diz que eles já estão mapeados pelo Banco Central. “A maioria das medidas regulatórias, dos programas de suporte ao crédito, estão em estabilidade ou em ‘phase-out’ automático, tudo está ocorrendo com muita tranquilidade. Algum dia tudo vai voltar à normalidade, independentemente de ter segunda onda ou não”.

Damaso comentou ainda, durante sua apresentação no evento, que a agenda regulatória do BC contempla resquícios de regulação prudencial de Basileia 3, com discussões sobre o cronograma de cumprimento das regras, assim como a continuidade do debate sobre sustentabilidade.

Sobre essa segunda questão, ele aponta que é preciso aperfeiçoar a política de responsabilidade socioambiental, trazendo de forma mais clara o risco climático para as instituições e com mais transparência das práticas nos relatórios. Além de avançar na fiscalização das operações financiadas pelo sistema em relação às políticas socioambientais, isso seria possível por meio de um bureau (Bureau Verde) já proposto neste ano.

Outra discussão em termos de regulação que ganhou força com a pandemia foi a da inovação, principalmente no que diz respeito à segurança. Os desafios, na opinião de Luiz Pereira, vice-diretor geral do BIS, que também participou do evento, seria a identificação de ativos de maior risco deste setor, proporcionalidade, absorção de perdas e o perímetro regulatório. “Precisamos ter uma visão holística no setor”, entende.

Damaso também afirmou que enxerga ataques cibernéticos como o principal risco ao sistema financeiro atualmente. Em termos de liquidez e capital, no entanto, o Brasil está em situação confortável. “Não identificamos nenhum grande risco no sistema financeiro”, disse, destacando que o país tem bons índices de capital e liquidez “comparado com outros países” e que, de forma geral, o sistema é “muito bem supervisionado”.

“Caso haja qualquer sinal de descompasso ou risco maior, temos instrumentos” para atuar, afirmou. Ele citou instrumentos “individuais” que podem ser usados para cada instituição, além de políticas macroprudenciais e, “em última instância”, colchões de liquidez contracíclicos.

Fonte: Valor Econômico (link)