Em um cenário de transformações cada vez mais rápidas e representativas, para os profissionais da área, o principal desafio é entender o impacto da tecnologia no segmento e posicionar-se de maneira correta

A pandemia trouxe incertezas para todos, independentemente da área de atuação, além de ter acelerado processos que levariam mais algum tempo para serem adotados de uma forma prática e, em alguns casos, irreversível.  E nada mais natural que estes impactos também fossem sentidos no mercado jurídico. Mais do que isso, apesar dos desdobramentos negativos da pandemia que puderam ser sentidos em toda a sociedade, no que diz respeito ao exercício do direito propriamente dito, os avanços neste curto espaço de tempo devem ser comemorados.

Isso porque até pouco tempo atrás, os advogados encontravam muita burocracia para o exercício da atividade legal, afinal, as tecnologias disponibilizadas ainda eram consideradas atrasadas em relação a outros setores. No entanto, nada é mais poderoso do que a necessidade. Hoje, está já não é mais a realidade e podemos pensar em algo como o “direito do futuro” que está em construção.

Na prática, isso significa dizer que dentre as principais tendências da advocacia para o futuro próximo está o fato de que a relação entre advogados e clientes, gestores e colaboradores (entre o escritório e o mercado), nunca mais será a mesma. E talvez, este seja o ponto: o maior e melhor tendência é, justamente, se preparar para diferentes futuros e oportunidades.

E para aqueles que talvez ainda se assustem ao perceber que uma profissão com bases tradicionais, como a carreira jurídica, esteja caminhando para algo tão moderno, calma. Todos nós fomos e continuaremos a ser afetados pela era digital, ou seja, entenda este processo como a oportunidade real de solucionar seus problemas de forma prática e eficaz através de serviços online que funcionam, de fato.

Dito isso, torna-se possível identificar o surgimento de uma nova modalidade de profissional jurídico, o advogado(a) 4.0. ou do “futuro” que é aquele que já entendeu e tem buscado otimizar sua atuação, tornando- se aliado da tecnologia e das ferramentas digitais.

Como isso é possível? Quando vemos um profissional fazer uso de diversas plataformas digitais para potencializar seu trabalho, evitando fazer coisas desnecessárias e maximizando seu tempo. Por exemplo, há uma série de atividades feitas por advogados que podem ser delegadas à sistemas automatizados, dessa forma o profissional poderá usar seu tempo para atividades que demandem um esforço mental, e que não podem ser executadas por maquinas. Ou seja, assim é possível direcionar seu foco e performance para aquilo que realmente o interessa, e poderá oferecer um serviço de maior qualidade e mais adequado à realidade de seus clientes.

Neste sentido, de informação, já anota aí duas palavras que estão ganhando cada vez mais visibilidade no mercado: legaltech e lawtechs. A primeira é o nome tanto da reunião de tecnologias para solucionar as dores de advogados, juízes, analistas, promotores, defensores e afins como das startups criadas para fornecer inovação aos juristas. Já as lawtechs são voltadas para os usuários dos serviços jurídicos, e não para os seus prestadores.

Quando falamos em melhorar a velocidade do judiciário, criar sistemas de busca por advogados e coisas do gênero, o assunto é próprio de lawtech. No entanto, é comum que, no Brasil, ambas as palavras caminhem juntas, e startups ofereçam soluções para ambos os segmentos.

O fato é que a adaptação ao direito do futuro exige uma série de comportamentos e atitudes, além é claro do domínio das tecnologias. Isso passa tanto por habilidades tracionais, como oratória e escrita, como por novas competências. Ao que tudo indica, a digitalização das atividades jurídicas é um caminho sem volta. É isso que o futuro da advocacia nos reserva e o profissional que não quer perder seu espaço deve se atualizar. Conhecer o atual panorama do mercado jurídico, as influências da tecnologia e quais são as mudanças esperadas é o primeiro passo para quem quer trabalhar de forma estratégica e prestar serviços a partir de um novo modus operandi que já é uma realidade e não mais futuro.

Afonso Morais – Sócio Fundador da Morais Advogados Associados.