A inadimplência no Brasil vem em uma assustadora crescente, segundo dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) referentes ao ano anterior, a inadimplência a porcentagem atingiu 28,9% da população. Assim, o número de pessoas com contas em atraso foi 3,7 pontos percentuais maior do que o registrado em 2021. Ou seja, as pessoas precisam ajustar as contas e pagar essas dívidas para não enfrentarem problemas futuros. Contudo, são poucos ao brasileiro que sabem negociar e, muitas vezes, quais isso ocorre só posterga a volta ao problema. Às vezes com valores maiores ainda. “As principais dificuldades em negociar dos brasileiros, é que grande parte não possui uma única conta em atraso, mas sim um conjunto de dívidas. Assim é preciso fazer um planejamento financeiro do quanto disponível terá para pagar parcelado aos credores. Antes de partir para qualquer negociação, o devedor deve estar muito consciente de sua realidade financeira e de sua capacidade em arcar com os valores a serem comprometidos”, explica Afonso Morais, sócio da Morais Advogados e especialista em renegociação de dívidas e golpes.

Ele lembra que, ponto importante das negociações é considerar também as prestações futuras que foram comprometidas. “Lembro que ao ter mais de uma dívida, tem que se negociar com todos os credores e ter um valor de parcelas totais que não afetem a sobrevivência da família do devedor. Algumas vezes terá que ser de forma judicial”, alerta Morais. A negociação com certeza é sempre a melhor forma de fazer um acordo com os credores. Pois, dessa forma não se ‘fechará portas’ para futuros negócios e também se terá a possibilidade de chegar as condições que são realmente viáveis. Lógico que se isso não ocorrer se tem o caminho legal, mas esse deve ser em última instância.

O que fazer?  “A dica é a paciência e um olhar crítico em relação à situação. Não aceite as primeiras ofertas, às vezes é preciso ter sangue-frio, saber ‘trucar’. Também é preciso ter os números muito claros. É importante fazer contas e não aceitar pressão por uma decisão. Lembre-se, se você quer pagar, do outro lado tem alguém que quer receber, por isso se deve negociar de igual para igual. Recomendo que seja simpático, pois isso facilita muito a abertura de oportunidades, não se está em uma briga, mas sim em busca de acordos amigáveis”, orienta o sócio da Morais. Deve sa mais cordial possível, lembrando, ninguém força as pessoas a se endividarem, são ações individuais que levam a isso. Os profissionais que estão fazendo acordo querem ajudar. Contudo, ser cordial não significa ser submisso e também aceitar qualquer coisa que te ofereçam. É preciso ser firme nas decisões e posições.

O primeiro passo é tomar a decisão de pagar as dívidas, e para isso é preciso fazer concessões e análises. Na maioria das vezes terá que reduzir o padrão de vida e ajustar o consumo, assim, nada mais importante do que estar certo e confiante da decisão de sair dessa situação. Essa certeza facilitará a renegociação.

Pontos de atenção : Vários pontos são fundamentais na hora da negociação, como as taxas de juros cobradas, o tempo de parcelamento, se não existe nenhuma cláusula que prejudique o devedor. Também se deve observar se realmente contemplará todos os valores devidos, e mais uma vez, o mais importante, é preciso saber se existem condições de arcar com o acordado no futuro, senão a negociação terá sido apenas um paliativo.

Em relação as quais dívidas pagar primeiro, Afonso Morais explica que sempre é recomendável negociar as dívidas que possuem algum bem como garantia, como carro ou casa, para não perder esses bem, também devem ser priorizadas dívidas com juros mais altos, como de cartão de crédito e cheque especial. Também recomendo negociar as dívidas de consumo em primeiro lugar, são menores, normalmente já tem esquema de parcelamento, as outras tem negociação mais complexa.

 

Afonso Morais

Fundador e CEO da Morais Advogados

Especialista em recuperação de crédito e fraudes digitais

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