Oito em cada dez consumidores procuram ou são procurados pelos credores para negociar. Taxa de sucesso das cobranças chega a 56%.

Pesquisa do SPC Brasil e Meu Bolso feliz sobre Padrões de Cobrança identifica as estratégias mais utilizadas pelas empresas credoras a fim de receberem as dívidas dos consumidores, além de investigar de que forma ocorrem os processos de cobrança e renegociação, considerando-se atuais inadimplentes e ex-inadimplentes.

No geral, a pesquisa sugere que as empresas estão atentas aos débitos dos consumidores: oito em cada dez entrevistados entre adimplentes e ex-inadimplentes (83%) afirmam ter sido cobrados pelas empresas em decorrência das dívidas que os deixaram com o nome sujo, com o percentual aumentando para 89% entre os atuais inadimplentes de 18 a 34 anos.

Considerando o meio utilizado para o aviso, observa-se que a carta, no geral, é o mais frequente (31%), sobretudo no caso da conta de água (91%) e de outros financiamentos (85%). Outros meios usuais entre as empresas credoras são a conversa com o cobrador, por telefone (16%, chegando a 52% no caso de escola ou faculdade), o e-mail (16%, aumentando para 51% se a conta for a da TV a cabo) e a mensagem gravada, deixada no telefone (14%, chegando a 54% no caso da TV a cabo).

A mensagem por celular é utilizada para o aviso em 11% dos casos, mas o percentual avança para 40% quando se trata da conta de água. Já a notificação via cartório, que alcança apenas 5%, no geral, aumenta para 44% se forem considerados somente os imóveis. Finalmente, a notificação com a visita de um cobrador ocorre em apenas 1% dos casos, mas passa para 21% quando o motivo do contato é a conta de luz.

Cobrança: consumidores falam em constrangimento (18%) e incentivo para pagar a dívida (17%)

A pesquisa indica que a cobrança é um momento desconfortável para os consumidores. Perguntados sobre como se sentiram, em virtude da cobrança, 18% dos consumidores falam em constrangimento (31% no caso da TV a cabo). Os entrevistados também afirmam sentir-se incentivados a pagar a dívida (17%), chateados (15%, passando para 63% no caso da internet) e pressionados (10%, com percentual de 41% para a internet). Os sentimentos de humilhação, irritação e desrespeito tiveram o mesmo percentual de citações (6%).

38% dos entrevistados consideram que a postura do credor foi respeitosa, e 28% consideram que a postura foi cordial. Há os consumidores que notam frieza por parte do profissional encarregado de fazer a cobrança (16%), e ainda aqueles que sentiram postura agressiva (12%) e desrespeitosa (5%).

O número médio de contatos feitos pelos credores equivale a 10, sendo que as operadoras de telefonia celular (13,4) são as empresas que mais procuram pelos consumidores que estão em débito. Já as empresas que menos buscam contato com o consumidor são as companhias de energia elétrica (2,4).

O argumento mais utilizado pelos cobradores, no momento de avisar ao consumidor, é o alerta sobre a inserção do nome em cadastros de proteção ao crédito (37%). Os cobradores também mencionam a possibilidade de protesto em cartório (19%) e a possiblidade de ser acionado judicialmente (17%). Levando em conta apenas o financiamento de carro ou moto, destaque para dois argumentos, principalmente: ser acionado judicialmente (43%) e ter o bem retido (42%) pela empresa credora.

Mais da metade das cobranças (56%) é bem sucedida

A taxa de sucesso alcançada nas cobranças é de 56%, sendo ainda maior entre as empresas de internet (70%) e escola ou faculdade (64%). Por outro lado, as negociações que menos resultam em acordo correspondem às de outros financiamentos (35%) e cartão de crédito (43%).

A pesquisa sugere que a cobrança da dívida pode influir de forma negativa no relacionamento entre a empresa e o consumidor, ainda que isso não ocorra na maioria dos casos. Se para 50% da amostra o relacionamento com a credora continua bom ou ótimo, 16% afirmam que a relação tornou-se ruim ou péssima.

Entre os atuais inadimplentes, observam-se algumas diferenças importantes entre homens e mulheres: após a cobrança, 62%% dos homens afirmam ainda manter um bom relacionamento com as empresas credoras; entre as mulheres, o esse número é de 41%.

De qualquer modo, apenas um em cada cinco entrevistados (22%) diz que não pretende comprar mais das empresas que incluíram o nome dele em cadastros de proteção ao crédito. (27% entre os ex-inadimplentes com ensino superior).

Oito em cada dez entrevistados (84%) procuraram ou foram procurados pela credora para negociar a dívida

O estudo do SPC Brasil e Meu Bolso feliz mostra que 84% dos consumidores que não quitaram sua pendência após o contato tentaram negociar as dívidas. Entre os atuais inadimplentes, destaque para as mulheres (92%) e para aqueles com 35 aos ou mais (93%). Já entre os ex-inadimplentes, os que mais procuraram ou foram procurados correspondem aos da Classe C/D/E (80%).

As empresas de telefonia celular são as que mais procuram os devedores para um possível acordo (46%). Ao mesmo tempo, quando a iniciativa parte do consumidor, as empresas de TV a cabo são as mais buscadas (54%).

Somente um em cada cinco consumidores (19%) deixa de fazer uma contraproposta, durante a negociação. Os pedidos mais frequentes são por valores menores (62%, chegando a 80% no caso da telefonia celular) e número diferente de parcelas (10%).

Ao aceitar uma proposta de negociação, percebe-se que os fatores de maior motivação são o valor da prestação (30%), a redução significativa do valor da dívida para o pagamento parcelado (29%) e o desconto significativo para pagamento à vista (21%). Quando consegue quitar a dívida, a maior parte dos entrevistados (63%) relata o sentimento de alívio.

Metodologia

Público alvo: residentes nas 27 capitais brasileiras, com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais, atuais inadimplentes ou ex-inadimplentes há no máximo 5 anos.

Método de coleta: pesquisa realizada via web e pós-ponderada por sexo, idade, classe e escolaridade.

Tamanho amostral da Pesquisa: 715 casos, gerando margem de erro no geral de 3,6 p.p para um intervalo de confiança a 95%.

Questionário: Foram aplicadas 16 questões.

Data de coleta dos dados: primeira semana de fevereiro de 2015.

Fonte: SPC Brasil